Histórico da ATP



          O Centro dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Manaus começou um trabalho especifico com os jovens no ano de 2002 com formação no “Estatuto da Criança e do Adolescente”, a convite dos mesmos. Logo depois se realizaram encontros nas zonas de periferia sobre temas-problema dos jovens tais como o consumo de drogas e as suas conseqüências, compromisso do voto dos jovens de 16 a 18 anos, os jovens e a realidade da família, dos meios de comunicação e dos direitos humanos.

            A avaliação destas práticas e o apoio às atividades culturais realizadas mostraram a necessidade de acompanhar as atividades culturais dos grupos de jovens envolvidos de forma permanente no serviço de conscientização dos direitos aos bens culturais nas comunidades da periferia de Manaus. A partir de 2005 foram acompanhados durante um ano e meio grupos de teatro e dança que já faziam apresentações na comunidade. Logo após a este acompanhamento surgiu a proposta de fazer uma “Mostra de Teatro Jovem de Periferia” na zona Leste de Manaus onde concentra a maior periferia da cidade.Em 2006 realizamos a 1ª Mostra de Teatro Jovem da Periferia com sete grupos. Em 2007 com a 2ª Mostra, os grupos resolveram organizar um aentidade que os representassem, no dia 17 de setembro do mesmo ano foi fundada a Associação de Teatro da Periferia (ATP). Neste mesmo ano realizamos a 1ª Caravana Artística da Periferia, que são encontros trimestrais em que se põe em prática o fazer artístico.

            Esta proposta de direito à cultura dos jovens na Mostra de Teatro Jovem de Periferia, idealizada pelo Centro dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Manaus vem como possibilidade de reflexão sobre a juventude da periferia manauara e seus dramas espacial, econômico, social, cultural e político. Mostra não somente a forma de lazer do jovem, mas a forma de perceber as realidades sócio-ambientais e sócio-políticas, e é também um serviço que se presta na conscientização da sociedade e na evangelização da igreja. Assim se previne a violência e se valoriza e respeita a juventude da periferia. A Mostra quer ser também um questionamento à política cultural elitista (centrada no Teatro Amazonas) ou de mero divertimento massivo (os shows boi-bumbá e de trios elétricos) que gasta imensas fortunas deixando sem apoio a cultura popular.

O direito à cultura ainda está cercado de preconceitos, e quando falamos disto no Norte do país o preconceito é maior ainda. Em termos históricos, o Norte foi a última região no processo ocidental de cultura e isso têm dois valores antagônicos: primeiro é tido como uma região atrasada e lenta apesar de dois grandes pólos industriais, Manaus e Belém, e o segundo, como conseqüência do anterior, a cultura que seria típica amazônida não consegue se impor como um todo devido a ideologia da cultura (modelo europeu),e do capital, da divisão do trabalho e do maior lucro. Alguns projetos surgem, mas temporários, sem uma proposta de longo prazo para efetivação e elevação da arte produzida na periferia. No que tange aos recursos, os projetos que de fato envolvem a comunidade são ignorados apesar da extensa documentação, organização e seriedade dos envolvidos como é caso da , 2ª, 3ª, 4ª , 5ª e 6ª  Mostra de Teatro Jovem da Periferia respectivamente realizadas em 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011.